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15 abril, 2016

Quando uma mulher lava os pés do seu homem

Autora: Irina Ginga


Ela ajoelha-se com delicadeza, carregando no movimento do seu corpo a expressão dos seus sentimentos. Despe seus pés, sujos da caminhada, e não se envergonha de os beijar ainda assim. E é com delicadeza que os coloca na água que preparou e, entre sorrisos, entrega-se com puro sentimento a uma tarefa que nem todos compreendem. Descida em seus joelhos, ela não se humilha, não se rebaixa. Olhando-o de baixo, ela sorri, porque só uma mulher entende os calos de um caminho. 
Entre várias histórias contadas no mundo, o homem luta, rebela-se, guerreia e conquista.. por milhares de motivos diferentes. Mas quando encontra a Mulher, entrega-se a uma caminhada nova, uma estrada desconhecida, em que as armas que conhece não matam, os seus pulsos não magoam e a retórica perde o sentido.
Quando uma mulher lava os pés do seu homem, acompanha-o nos caminhos que ele percorre. Retira os espinhos que o fazem coxear. Reconhece os trilhos pisados nos calos que o preocupam. Com o sabão do seu amor recupera os pedaços do seu coração que ele pisou. Humilde, devolve-lhe a dignidade, alimenta a esperança com o seu toque. Com o sal da água restabelece as suas forças. Com os seus beijos reconhece a importância do seu esforço, retira o peso do que já passou, prepara-o para mais um dia.
Ela é o seu apoio, o seu suporte, a sua orientação. Ele é o braço que a eleva, o abraço que a reconforta. Um se revela no outro. Vem.. que quero descer em meus joelhos, despir-me dos complexos do mundo que nos rodeia. Colocar teus pés naquela bacia, mostrar-te a pureza das coisas simples. É nas pequenas coisas que se expressa o amor.
Um amor que não se cansa, um amor que só com amor se pode pagar.Minhas mãos limpas. Teus pés lavados.
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29 março, 2016

Tentar

Autora: Irina Ginga




Sentada no parapeito da minha indecisão, vislumbro apenas pequenas nuvens de nada.
Nada me impede, nada me segura. Apenas minhas ânsias e as arestas de dúbios limites que se construíram em mim com o tempo.  São ideais e pre(con)ceitos ao cubo. Delineadores de acções e reacções. Expressões de mim: anos de memórias, verdades criadas e recontadas. Regras incontestadas.
Sorrio levemente. Aquele doce esgar do recanto da alma, sabem? Quanto de nós é realmente... nada?
O medo que nos impede, a insegurança que nos cativa.. ou até a soberba que nos mantém refém de nós mesmos. Quanto disso, na verdade, não significa nada? Tão assim é igualmente o nada que não assegura. Não há certezas, nem garantias. 
Sentada aqui no parapeito da minha indecisão o que vejo são nuvens carregadas daquilo que pensamos saber. Retratos instáveis de nós e dos outros.
Seguro o parapeito com força e estico o pescoço em busca de clarividência. Quase que aceito o impulso de mergulhar em queda livre. Sem mais questões, sem mais ponderar. Desta vez os meus lábios aceitam o prazer de um sorriso aberto. A Incerteza é aquela amiga descarada. Que faz em voz alta as perguntas que não queres responder. É o vento atrevido que levanta-te a saia sem aviso e te deixa nua, exposta: E agora? O que vais fazer?
Talvez funcione, talvez me magoe. Talvez perca tudo.. talvez ganhe o mundo!
Puxo a Incerteza para junto de mim. Tantas vezes brigamos mas ela de verdade não sabe que não poderia viver sem ela. Desafia o meu ser, mantém-me vigilante. 
Num abraço apertado sussurro-lhe ao ouvido que decidi aceitar que não sei, que não tenho todas as respostas.  Ela debate-se, num olhar confuso. Aí sou livre. Existe o tudo e o nada. Meu corpo estremece de gargalhadas nervosas. Rolamos pelo parapeito abaixo num salto sem retorno.

"O que estás a fazer?!", pergunta-me ela em sufoco. 
"Não posso fazer mais que senão... tentar." 

 "Tentar é a chama que incendeia a vida de conquistas"

Autor Desconhecido
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29 março, 2010

Irina Ginga



Sonhadora. A que ginga por entre as artes do Mundo e o infinito do Eu. Sem poiso ou refúgio: Irina, sempre. 
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