01 setembro, 2016

A dimensão espiritual das artes


fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar. Mas a arte média, se tem por fim principal o elevar, tem também que agradar tanto quanto possa; e a arte superior, se tem por fim libertar, tem também que agradar e que elevar, tanto quanto possa ser [...]. Elevar e libertar não são a mesma coisa. Elevando-nos, sentimo-nos superiores a nós mesmos, porém por afastamento de nós. Libertando-nos, sentimo-nos superiores em nós mesmos, senhores, e não emigrados, de nós. A libertação é uma elevação para dentro, como se crescêssemos em vez de nos alçarmos.” 
Fernando Pessoa

 “A arte é a mentira que nos permite conhecer a Verdade.” 
Picasso

Ao analisarmos essas duas frases de dois ícones da cultura universal percebemos um ideal artístico: a vocação de levar o homem a transcender a si mesmo e eleva-lo à altura da Verdade.
Para que possamos compreender de onde parte esse ideal convém fazer uma retrospectiva nas páginas da história da arte. Não será preciso fazer muito esforço para perceber que houve épocas em que a arte era ligada ao sagrado. Por meio dela, evocavam-se espíritos, louvavam-se deuses e etc.
Na era moderna, as artes continuam aliadas ao sagrado. Mas um sagrado à semelhança da nossa própria consciência; um sagrado à medida do que temos sido: homens do tempo. Claro que não se deve generalizar… e, principalmente, não se deve entender isso como uma crítica à arte da modernidade.

Todas intenções têm o seu valor e o seu porquê. No entanto, sempre que os artistas se esquecerem da sua vocação de inspirar o homem a se transformar naquilo que já é, haverá uma eterna saudade…


Autor: Isis Hembe

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