A pétala nua dança na pele suspirando seu fôlego de rosa. Girando em ciranda, orvalhada; esperando, fertilizada, pela vida desabrochar. Em amores, em amores. Em cor - todas elas. Em felicidade de essência tênue, de aroma que o vento, por ser força, carrega. Mas aroma que fica por resistir.
A flor, de olhos fechados, observa a quietude da imensidão que devora as desesperanças: aos seus olhos, tudo brilha. A rosa aberta só murcha quando sabe que esteve completa, que recebeu a vida com a raiz trêmula de êxtase. Quando sabe que o desabrochar foi a sua passagem de vida e disso tinha que aproveitar o sumo e, com o tempo, secar. Feliz, secar. A rosa murcha entende do que viveu plenamente.
— Toca em sua pele amarronzada e sente como ela é inofensiva, percebe que o único fantasma é o do passado de deslumbre que era a flor. Ela não tem medo nem vergonha de mostrar suas pétalas decaídas: sua morte faz parte do que é viver. E ali ela já vivera toda a vida.
Autor: Geraldo Gomes
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