Existe um período de limbo e trevas
após o rompimento de um relacionamento do qual a maioria das pessoas foge
aterrorizada como se fosse horrível e desnecessário. Sejamos francos, horrível
e doloroso realmente é, mas a boa notícia é que essa reclusão é útil e muito
necessária para seu refazimento enquanto indivíduo.
Quanto mais tempo passa-se ao lado de alguém convivendo e vivendo,
aprendendo a ceder e retroceder, mais tempo levará para você voltar a saber
quem é, pois nesse período de união o casal como que cria uma identidade
conjunta onde ambos em nome da durabilidade e paz da relação, adotam uma
“semi-personalidade”, ou melhor, torna-se uma versão light de si mesmo,
excluindo, mudando, limitando e muitas vezes ocultando partes de quem se é na
ânsia de ser aceito pelo ser amado. Esse processo é natural e inconsciente, e
muitas vezes a pessoa “adulterada” realmente precisava aparar umas arestas do
próprio modo de ser e pensar, faz parte da vida adulta, não se culpe por moldar-se
ao outro, desde que não perca de vista quem realmente é.
Esse saneamento que dá título ao texto é exatamente essa retomada das partes
de você que não deveriam ter sido retiradas, daquelas que são parte da sua
essência, é a caminhada de volta para casa, muitas vezes perdido, sem saber
onde ir, por que ir e quando chegará. A limpeza do coração antes de começar um
novo envolvimento, aumentará as chances de seu próximo amor ser o último,
porque você terá tido tempo de desvincular sua vida e mente da antiga união,
terá tido tempo de enterrar as mágoas e cicatrizes que te marcaram, sem
transferir para uma nova pessoa as dores e sofrimentos de outros tempos, sem
comparar insistentemente uma pessoa com outra a todo momento. Então coragem
nessa hora, incorpora o personagem de empregada e nada de jogar a bagunça para
debaixo do tapete.
Se quiser chorar por meses chore, se quiser ficar quieto dentro de casa
fique, se quiser viajar e mudar tudo na sua vida mude, faça o que for preciso
para achar seu antigo eu no fundo desse baú, mas evite tomar decisões
precipitadas e imaturas, faça o que tem vontade a muito tempo e não o que
surgiu na mente assistindo TV ou lendo um livro. Não deixe que te arrastem para
lugares e pessoas para fugir dos seus próprios sentimentos e recomeço. A
felicidade não é uma ditadura e nem uma constante, não há nenhuma vergonha em
sofrer. Abrace seu coração ferido, abrace sua dor, se despeça e siga em paz
pronto para a próxima flecha do cupido.
Autora: Laine Ferreira
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