Deusa Egípcia,
assim me chamava...
Eu sorria, não
entendia, mas gostava
Gostava de tudo que
ele dizia, admirava tudo que ele fazia
Desde hoje? não...
desde o primeiro dia
Era suposto vê-lo
como um pai, no minimo como um tio, não sei
Apenas sabia que
ele era o marido da minha mãe, o marido da minha mãe,
e porque não o meu
marido? eu pensava...
Este sentimento me
corroía por dentro
queria aquele homem
todos os dias da minha vida
e perguntava a mim
mesma se era mais ou menos pecadora
do que a vizinha
que era casada mas traia o seu marido
ou do que a minha
prima que era amante por capricho, por dinheiro
o meu sentimento
tão puro, fazia de mim impura
o meu desejo em
segredo, era massacrado pelo medo
sonhava que estava
no meio da rua e que as pessoas atiravam-me pedras
e vinha a minha
mãe, a traída, que surpreendendo a todos
defendia-me e por
mim dava a vida, exactamente como quando eu nasci
Era o marido da
minha mãe
mas meu sentimento
nem pensava se a magoava
quanto mais fraca
eu ficava, mais forte ele se mostrava
até meu padrasto
notar, e acabar por se declarar
pecamos naquela
hora, naquela casa, na mesma cama
onde ele dormia com
a minha mãe
e o pecado, por
azar dos pecados, parecia a única coisa certa
que alguma vez fiz
na vida...
Chamem-me louca,
insana ou possuída
Era o marido da
minha mãe...
Autora: Suely Soares
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