Rola por aí um
ditado popular que diz que os humanos só valorizam quando perdem. A falsa sensação
de posse costuma nos dar a ilusão de segurança sobre as coisas que amamos. A
rotina torna tudo ordinário, indigno de atracção e, por consequência, de
contemplação.
Assim, quase que é
automático aquele acto de colocar os auscultadores ao ouvido, ou ligar o leitor
de música do carro quando se está a caminho de um destino qualquer; que,
raramente, nos colocamos a pensar o que seria da nossa existência se não
tivéssemos acesso a pequenas coisas que dão “sal” a nossa existência.
E se de repente todas
as manifestações artísticas se calassem? Se não fosse mais possível cantar ao
chuveiro, se o casamentos e funerais fossem mudos, se não houvesse um cenário
musical nos shopping e nos hotéis, não houvesse casas nocturnas, discotecas,
shows de música ao vivo e não só, artistas de rua, artistas de circo?
Consegue imaginar o
Egipto sem as Pirâmides e pinturas rupestres, a França sem A Torre Eiffel, os
Estados Unidos sem a Estatua da Liberdade, Brasil sem o Cristo Redentor, Angola sem
a figura do pensador ou a Mwana Po?
Como seriam os relacionamentos sem a trilha
sonora dos casais? Como seria o planeta sem cinema e teatro? Onde estariam as
nossas gargalhadas se não houvesse contadores de piadas? Como seriam as nações
sem hinos e sem bandeiras? Sem mitos, sem folclore? Como seria a vida sem
poemas, trovas, romances, novelas, contos e atc? E a nossa memória? Como
funcionaria sem as fotografias icónicas? Um mundo sem as tão aclamadas sonatas
de Beethoven, Mozart, Chopin? Sem Jazz, sem MPB, sem Samba, sem Semba, Sem
Kilapanga, Sem Rap, enfim, sem música? O Nietzsche diria que seria um erro.
E sem dança? Sem
Kuduro, Rebita, Valsa, Tango, Break Dance, Ballet, Sungura e etc?
Essa viagem nos faz
perceber que beiraríamos ao absurdo sem a expressão da nossa alma reflectida em
arte. Eu acrescentaria que talvez enlouquecêssemos todos!
Então, pela próxima
vez que se sentir tentado a piratear alguma obra, a pedir para que um artista
actue de graça, a reprimir um desejo genuíno de alguém que quer trilhar o
caminho artístico, de catalogar essa actividade como ócio ou hobbie, a cortar o
orçamento público que essa área necessita, que essa imagem te volte a mente e
crie o remorso inibidor e redentor que o reorientará para o mais justo a ser
feito.
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