Sobe
as escadas, mas antes do final tropeça e cai, era sempre assim, com as escadas,
com a vida, com os testes na faculdade, com tudo. Ou era ela, que era
pessimista demais? Talvez...
Mas
sempre que parasse para analisar, Manucha resumia a sua vida em altos rigorosamente
seguidos por baixos, altos e tão logo baixos, bem altos e logo a seguir bem
baixos, estava cansada de tanto balançar!
Queria
uma vida mais normal, como a da sua melhor amiga Clara ou a da sua prima
Cheila. Tanta vida para Deus me dar e ele dá-me logo a minha? pensava...
Sonhava
ser bem sucedida como jornalista, namorar um homem inteligente e famoso e quase
foi assim, não foi? Mas quase, sempre quase...
Com
ele, uma vez na vida ela teve esperança que não fosse quase, porque amanhã,
futuro e pra sempre, eram palavras usadas por ele constantemente,
e
ela queria, nunca quis tanto algo ou alguém. Quem sabe desta vez Deus me deixa
ser feliz de vez, não quase, chega de quases por favor!
Foi
quase perfeito, os momentos foram intensos, foi quase amor. Não no coração dela,
neste o sentimento pulsava, fervia, rasgava-se de amor verdadeiro. Mas no dele,
ah! No dele até hoje nem ele sabe dizer. Foi quase tudo, foi quase intenso, foi
quase o certo, mas deixaria dor, foi a loucura mais louca que ele já havia
cometido e a ternura mais terna que ele já havia sentido, mas se ficasse a
teria ferido.
E
veio a vida, a família, aquela missão de serviço para Noruega, sei lá! Quase
deu certo, quase que seria perfeito, se ele esperasse ou desse um jeito, mas
era tempo dos baixos, disse-o ela, vai, podes ir mas vai de vez! E ele, ah! Ele
assim o fez...
Não
era amor, era quase e com quases nenhum amor se fez!
Ou
foi ela pessimista mais uma vez? Pode ser, talvez...
Depois disso, surpreendeu a si
mesma e não se deixou abalar
Na verdade, não era a presença de
um amor, que a impediria de amar
não precisava terminar a
faculdade para poder definir quem ela era na realidade, então disse pra si
mesma:
Sou humana, sou mulher, sou pecado,
sou pureza,
não sou quase com certeza, sou
beleza e fortaleza,
sou presença, sou alteza.
E de uma coisa sabia de facto, de
então em diante só permitiria altos...
Autora: Suely Soares
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