Uma vez alguém me disse
que quem muito se ausenta deixa de fazer falta. O meu primeiro pensamento em
reação à esta máxima foi uma pergunta: é essa a verdade? O que foge no
horizonte não deixa nenhum rastro antes de sumir? Será que a fumaça, por mais
fina que seja, não deixa um pouco do seu calor? Fiquei bastante reflexivo, e
triste. Algumas vezes a ausência é necessária, até mesmo para aqueles que
insistem em ficar, e nesse caso é mais doloroso. Já fugi, confesso, mas também
já deixei que fugissem de mim. Se se foi de mim não é razão para acreditar que
já não me queria mais por perto, mas para ter certeza que no fim, ou sempre que
a oportunidade permitisse, eu seria um ponto de parada. Nesse mundo há árvores
que de tão antigas de espírito, criam raízes num solo mas levam suas folhas
altas para refrescar outras terras castigadas pelas pragas da vida. É por
necessidade de trazer bons ares que foi, e é por puro prazer de voltar ao lugar
seguro que volta. A paciência pela chegada também é amor, assim como a
sensibilidade de saber receber de volta. Tem que se entender a liberdade para
não destruir, por descuido, as raízes que ficaram. E digo isso para que por
mais que se deseje a presença, anseie mais por dar espaço para que não sufoque
a árvore com tanto abraço. À isso se chama possessividade. A mesma
possessividade de quem aprisiona pássaro em gaiola e ouve seus gritos de
desespero pensando ouvi-lo cantar harmonias. Não há liberdade, nem felicidade.
O que voa sabe que existe um momento em que é preciso voltar.
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