Levemente, apoiou a cabeça sobre o ombro de Odette e deu um leve suspiro. Já a roupa tinha abandonado o seu corpo, e embora o frio o dilacerasse Jorge não se importava. Estava anestesiado a todo e qualquer tipo de sensação.
Não pronunciou palavras, mas o desejo do seu íntimo era apoiar o coração sobre o de Odette. Pois o peso do existir queimava-lhe o peito.
Fechou os olhos. Ela permaneceu com os seus abertos: Diferente de Jorge, Odette recusava-se a perder um segundo da realidade.
— Ao teu lado a vida é mais leve. — Balbuciou antes de segurar a mão dela.
— A leveza tem de estar contigo, Jorginho. Porque as pessoas são breves, as pessoas vão embora.
— Mas, tu...
— Eu também vou embora, Jorginho... Um dia eu desapareço.
Suspirou mais uma vez. Ainda com os olhos fechados, anestesiados.
Noite de Agosto, o frio na dança de despedida.
Odette tremeu, e sorriu: Sentia-se viva.
Jorge. Soltou uma lágrima. Apenas num dos olhos. Apertou mais forte a mão dela e já o coração queria saltar do peito e abrigar-se em Odette.
— Mas eu não sei viver. Eu não conheço esta vida. — Confessou, ao lembrar-se de que a vida devia ter um manual de instruções.
Odette fechou os olhos. Jorge limpou a lágrima.
— Meu querido, a vida nada mais é do que o intervalo entre o nascimento e a morte. Queres ficar parado até que o sino toque?
Odette soltou a sua mão. Jorge Abriu os olhos.
(Silêncio)
Sem comentários:
Enviar um comentário