Charles Aznavour na sua
música 'il faut savoir', expressou que é preciso saber.
Entre determinadas
coisas que me chamaram à atenção, ele disse (Il faut savoir encore sourire quand
le meilleur s'est retiré" (É preciso saber ainda sorrir quando o melhor se
retirou). E agora eu pergunto:
— Charles, mas e ele ?
Ele que é o meu melhor e na sua ausência eu estarei no meu pior? Como
poderei aprender a sorrir sem tê-lo comigo? Será uma longa lição a ser
aprendida, isso se eu a aprender.
Ele, és tu, meu amor.
O que é verdadeiro é
intenso e é real, assim como este amor que carrego por ti. Verdadeiros somos
nós, juntos, expressando o nosso amor, sorrindo um com o outro, trocando
caricias, declarando sentimentos, vontades e sonhos, são os nossos planos,
nossas parvoíces, nossas lágrimas repentinas, a tua cabeça no meu colo e minha
mão em teu cabelo, a minha cabeça em teu ombro e tua mão entrelaçada na minha.
Porque vem do mais profundo de nossos corações, é VERDADEIRO. Mas então, e as
nossas discussões sem razão, e o nosso orgulho errado, nossos ciúmes absurdos,
e nossas palavras não pensadas, e todas as nossas diferenças
quase insuportáveis, e as nossas contradições? Há quem diga: "São
apenas altos e baixos, tenham calma" mas então, amor, por nos amarmos
seria preciso aceitarmos os defeitos um do outro apenas na esperança de nos
tentarmos moldar, sim, posso não amar os teus defeitos, continuo a amar-te com
eles, mas eles nos afectam, nos magoam, nos fazem mal, e nos "altos e
baixos", esses baixos nos separam e isso não é "apenas". Estar
sem ti não é "apenas", como algo simples e normal e que da noite para
o dia "vai passar".
— Como posso ter calma e
sorrir? Charles? Really?
(momento de silêncio).
Se nos amámos por que é que
não ultrapassamos todas as dificuldades que temos? Então não me amas? Ou será
que eu não sei o que é amor e estou a confundir o que sinto? NÃO! Eu amo-te.
Tenho a certeza que te amo, sabes o que se passa? É que uma relação não depende
só do amor, depende também de aceitarmos os erros e defeitos do nosso parceiro,
saber pedir perdão quando necessário, conversar sobre tudo, abrir o nosso
coração sempre que sentimos necessidade seja para falar de amor ou de dor, é
compreender o lado do nosso parceiro, é nos pormos no lugar dele, é respeitar a
opinião do nosso parceiro mesmo quando não concordamos, é aperfeiçoarmos as
nossas qualidades e diminuir os nossos defeitos de modo a nos enquadrarmos ao
que agrada o nosso parceiro, sim, é isso mesmo, temos que mudar, abrir mão de
algumas coisas nossas pelo nosso parceiro, eu não sei se o que disse está
dentro do que é AMOR, não sei se há algum erro, mas o que está aqui em questão,
somos nós, EU E TU, e no meu 'eu', assim eu defino o amor que eu queria pra
mim, entre nós. Não é justo nos amarmos e não estarmos juntos, ou não tem
mesmo como estarmos juntos independentemente do que sentimos? Nós nos
merecemos, sim... Achas que eu mereço melhor? Ou eu, acho que mereces melhor?
Nada disso, eu penso da seguinte forma: "Nunca se ache
insuficiente para a pessoa que te ama, porque se te ama é porque você a
conquistou e se você a conquistou é porque você a merece.", enquanto
nos amarmos, nos merecemos, se um dia por acaso esse amor deixar de existir, ok,
talvez aceite que não nos merecemos, mas hoje, pelo menos, eu posso dizer de
boca cheia que duvido que esse amor acabe. Então, amor? Por que
é que não fazemos funcionar? Ai que coisa deprimente, que agonia... Porque
acabou, sim, já não estamos juntos outra vez e mesmo te amando tanto, o meu
coração está exausto desses "baixos" que chegam ao ponto de nos
separar... Sim! Talvez o Charles tenha razão, mas saiba que TE AMO e seria
fantástico que ambos não víssemos esses baixos como o beco sem saída, mas ok,
ok, já está feito.. já não estamos juntos, ACABOU! certo? É triste e dói, duas
pessoas que se amam separadas por... Porquê mesmo? Nem eu sei, só sei que
dói... Então , Charles, é isso mesmo.. terei que sorrir agora que meu
amor se retirou da minha vida.
NÃO PODE SER! Minutos
depois, ao ouvir a música presto atenção ao último verso, onde Charles diz: "Mais
moi, je t'aime trop (...) il faut savoir mais moi, je ne sais pas" (Mas
eu, eu te amo tanto (...) é preciso saber mas eu, eu não sei).
— Querido Charles,
agora sei que não sou a única que se tenta enganar... LOL. Obrigado por me
compreenderes, é preciso saber muita coisa triste e difícil de se fazer para
seguir em frente sem o nosso "meilleur."
Em mente temos que é o fim,
mas o nosso coração não corresponde e acabamos por confessar mais tarde ou mais
cedo, eu confesso que é preciso saber mas eu não sei, meu amor. Eu não sei
e nem quero precisar saber como sorrir se te retirares da minha vida,
talvez seja preciso mas "je ne sais pas" , porque
não te quero fora da minha vida. Neste momento não acho que seja a solução pra
nós, quero muito que penses da mesma forma, que não nos podemos retirar da vida
um do outro porque o nosso sorriso depende um do outro, sim, o meu sorriso
depende de ti, e nos amamos, não é?
- bien, amm.. tu
ne vas pas te retirer?
(Mensagem entregue)
17, Janeiro, 2014 em Lisboa
***
Faz hoje 3 anos que lhe
escrevi, e ele não me respondeu, eu tive que me focar apenas em "il
faut savoir encore sourire quand le meilleur s'est retiré".
Obrigado pela dica, Charles.
Meu suposto amor, onde quer que estejas,
quero que saibas que saibas que te amei muito, mas foi preciso eu me dar conta
que o meu amor e a minha força de vontade de lutar por nós não era suficiente.
Não percebo porque não me respondeste e preferi acreditar que já não me
amavas..
Estou nas ilhas Maurícias,
onde planeávamos passar a nossa lua-de-mel, e olha só, vim com minha melhor
amiga exactamente para uma espécie de despedida de solteira, vou casar-me daqui
a um mês e decidi aproveitar as últimas semanas de solteira neste paraíso na terra.
Estranho não é? Devia estar a organizar o casamento, certo? Pois, mas
lembras-te que eu sonhava casar-me na praia, só com os mais próximos e sem
grandes comes e bebes? Sim, casamentos assim não dão muito trabalho, o vestido
está comprado, já se alugou a tenda para o grande dia e algumas cadeiras para
os mais próximos, terá alguns petiscos, refrigerantes e pronto.. E não, a minha
lua-de-mel não será aqui. É isso. Este é o meu adeus.. Retiro-me.
(Palavras escritas numa folha de papel, posta enrolada numa garrafa
e lançada ao mar).
17, Janeiro, 2017
Em Ilhas Maurícias.
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